A realidade social sendo complexa por natureza, exige a adoção de método científico baseado em evidências, pelo qual o observador captura os dados da realidade como estratégia de mediação sujeito e objeto, simplificando a descrição, análise e caracterização do fenômeno social. A realidade quando observada é representada pelo observador, a partir dos filtros mentais que qualificam o problema social em diferentes aspectos, no sentido racional e emocionalmente, significando dizer que conforme o rigor dos dados coletados, a realidade será representada com maior ou menor qualidade.
Na intervenção junto à realidade, o assistente social é demandado a desconstruir o fenômeno observado, requerendo o domínio do método de observação baseada em evidências, enquanto recurso técnico capaz de revelar as dimensões causais do problema, instrumentalizando o profissional com mecanismos científicos que possibilitam maior sofisticação na descrição, análise e caracterização da realidade. “Se o meu compromisso é realmente com o homem concreto, com a causa de sua humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da ciência, nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor lutar por esta causa” (FREIRE, 2007, p. 22).
O conhecimento resulta do emprego do método como orientação e guia da observaçõ, que devidamente instrumentalizada com recursos objetivos e subjetivos, faz um recorte na realidade, definndo a amostra de estudo capaz de melhor caracterizar as evidências factuais que traduzem a leitura crítica do problema de desenvolvimento individual ou coletivo que se desejar eliminar. O olhar do assistente social é treinado para extrair da realidade observada os dados significativos que representam as causas do problema social e e seus impactos.
A evidência é a prova que valida como verdadeiro ou falso o argumento explicativo da realidade observada. No caso da ciência, trata-se do conjunto de dados coletados que, após o devido tratamento estatistico e analítico, confirma ou nega a teoria ou hipótese científica. Assim, a realidade social de um cadeirante, por exemplo, é tão ou mais complexa que a realidade social de alguém não cadeirante, o que se justifica pela própria natureza humana peculiar, que além das características biológicas e sociais em si, expressa em seus relacionamentos características culturais e espirituais, diferentes que qualquer outro ser vivo no planeta Terra.
As expressões da Questão social que servem de objeto de estudo para o assistente social, como analisam Iamamoto e Carvalho (1982), precisam ser observadas em suas múltiplas dimensões: social, como produto das relações interpessoais e grupais, biológica, como fator genético e ecoambiental e cultural, como expressão do processo humano histórico.
O método de observação baseada em evidências no Serviço social requer a competência técnica-científica e crítico-praxiológica como preparo do assistente social como pesquisador que:
observa o problema social;
identifica as particularidades do porblema social em seu contexto;
descreve a origem causal do problema social como foco na solução mediata e imediata;
analisa as variáveis que interferem direta e indiretamente na existência do problema social;
caracteriza as fragilidades e oportunidades associadas aos impactos do problema social;
dignostica o problema social e apresenta o plano estratégico de evitação futura e solução do problema.
No primeiro livro de O capital, Marx aponta que “a investigação tem de apoderar-se da matéria, em seus pormenores, de analisar suas diferentes formas de desenvolvimento, de perquirir a conexão íntima que há entre elas” (MARX, 2002, p. 28). Assim, o serviço social é baseado em evidências concretas, materiais e objetivas como aborda o método crítico marxista, o que exige saber como investigar o objeto de estudo observado com base em evidências factuais e não opiniões, julgaments ou especulações.
Referência:
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 30ª ed.; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
IAMAMOTO, M.; CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Cortez/Celats, 1982.
MARX, K. O capital – crítica da economia política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
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