Estava passeando com meu animal de estimação e cruzei com a mãe explicando para o filho, que deveria ter no máximo cinco anos, caminhando em direção a praia de pitangueiras, no centro da cidade de Guarujá, litoral sul de São Paulo, à margem esquerda do porto de Santos: "(...) na próxima vez, quando terminar de brincar, guarde seus brinquedos". A criança usava um colete infantil e uma boia em volta do pescoço, calçava uma sandália de dedo e vestia um calção de banho, diante do que a mãe falou, perguntou "agora, posso banhar no mar? O dialogo continuou enquanto eu passava por eles. Esta situação me fez lembrar de passagem na Vila Real, cidade na região do Rio Douro, no lado português, com a Espanha. Estava de visita técnica do doutorado e no local do encontro, chamei alguém para tender e responderam de dentro, "pode entrar". Ao me receberem explicaram que lá, quando alguém batia na porta, recebia a resposta: "entre, quem é?" imediatamente falei, "igual no Brasil" e, todos riram.
O Brasil é a quinta maior extensão territorial do mundo, depois de Rússia, Canadá, Estados Unidos e China, com um pouco mais de 203 milhões de habitantes, dos quais, 22 milhões são idosos, segundo o censo do IBGE de 2022 e, passou a ocupar o top10 das economias globais no final de 2023, portanto, não tem nada engraçado para rir, mas sim, para se orgulhar e levar muito a sério a visão econômica da escola Keynesiana, onde o investimento estatal e a criação de trabalhos pelo governo, produz a dinâmica econômica necessária para crescer o país, princípio colocado imediatamente em prática pelo governo Lula, depois da desastrosa tese implantada pelo economista liberal formado na escola de Chicago, que prefiro deixar no esquecimento, equivalente ao confisco da poupança que culminou no impeachment do governo Collor. Liberdade econômica no Brasil, sem a intervenção do Estado equivale a "casa da mãe Joana", será que você deixaria a criança de cinco anos ir sozinha para a praia? Isto sim é "mito".
A população mais vulnerável socialmente precisa da política pública do Estado, para sair da situação de pobreza e começar a colaborar com os 140 milhões de brasileiros em idade ativa (IBGE, 2022). Foram aproximadamente dez milhões de brasileiros em 2022, que saíram da linha da pobreza, pessoas com renda disponível de US$ 6,87 por dia, algo como R$ 637 mensais. Por outro lado, o mapa da nova pobreza, estudo da FGV Social (2021), aponta quase 30% de brasileiros, cerca de 63 milhões que vivem com renda domiciliar per capita mensal de 1/3 do salário mínimo atual de R$ 1.412. Como buscar emprego com fome e fragilizado na autoestima? Precisamos de política social inclusiva e sustentável, capaz de criar governança democrática, participativa, colaborativa e solidária, possível com a ajuda impulsionada pelo Estado. O que podemos aprender com a política de desenvolvimento econômico chinês?
O problema brasileiro é que deixamos os "brinquedos desarrumados, depois de brincar" e acabamos ficando sem ir na
praia, viajar de avião ou sobrar dinheiro para se "mimar" no final do mês. A melhoria no grau de investimento no Brasil é um indicador de credibilidade internacional, a reforma tributária aprovada começará a orientar a melhoria da previsibilidade, criando o ambiente necessário para o investimento e a consequente estabilidade econômica, social, cultural e tecnoambiental, com a potencialização da economia verde brasileira. Corremos grande risco de virar "casa da mãe Joana", em vez de "Venezuela", com a frustrada tentativa de golpe de Estado, culminada com o 8 de janeiro e, fomos salvos não pelas instituições que agiram nas consequências e não na causa, mas, pelas "Organizações Tabajara" bolsonarista.
A aprendizagem que fica é que política social inclusiva, acompanhada de governança democrática no Brasil, gera credibilidade, estabilidade e previsibilidade, "deixando primeiro entrar e depois, pergunta quem é", considerando que a linha da pobreza é alimentada pela fome e a vontade de comer, quer dizer, a inclusão social que o Estado brasileiro precisa oportunizar com a política social é estratégia pública de desenvolvimento sustentável e economia verde, guiada pela autoridade educativa de mães e pais que levam suas crianças para a praia, depois de organizarem seus brinquedos.
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