O trabalho humano na sociedade capitalista transformou-se em emprego da mão-de-obra na linha de produção, a partir dos princípios do fordismo: intensificação, produtividade e lucratividade, que serviram de estratégia organizacional em múltiplas formas de inovação, que nem sempre foram capazes de gerar progresso com equidade social. Nos últimos 300 anos, o mundo ocidental, principalmente, foi palco de três revoluções industriais, desde a máquina a vapor, passando pela eletricidade e potencializada na automação computacional, que por sua vez, impulsionaram a sociedade em rede e a necessidade cada vez maior de infoinclusão social.
A Sociedade avançada tecnologicamente abriu espaço para a "quinta onda" do desenvolvimento humano, comprometido pela ideia frenética de crescimento econômico focado no PIB, inflação, balança comercial, crédito, poupança e empregabilidade setorial, reduzindo a vida em sociedade a indicadores financeiros, que agradam e atendem exclusivamente, os interesses do capital especulativo. O capitalismo industrial que sucedeu ao capitalismo comercial, potencializou substancialmente, o crescimento do PIB mundial com a linha de produção, a eficácia operacional e o consumo progressivo, sendo impulsionado mais ainda, com a automatização computacional e a transformação do dinheiro mercadoria, como principal ativo do capitalismo financeiro.
Na indústria 4.0, o abismo social entre ricos e pobres ficou exposto, revelando as desigualdades de acesso e a injustiça da pobreza extrema, que gera indignação e solidariedade em um mundo dividido entre 1% das pessoas que concentram a riqueza de 99% da humanidade. O PIB de alguns grupos empresariais supera de muitos países, privatizando o Estado mínimo, que na concepção do termo, trata-se da instituição "Estado", existente para deixar o mercado "livre", sem interferir na produção de bens e serviços, igual a reforma trabalhista brasileira que legitimou em plena pandemia de covid19, a negociação livre entre trabalhador e patrão, passando a preocupar-se somente com a proteção de seus cidadãos contra a violência, roubo, fraude, e ao cumprimento de contratos, em outras palavras, o capitalismo financeiro transformou o Estado criado pela sociedade, em fiscal do "contrato social", que protege investidores capitalistas nacionais e internacionais, empresários e grupos familiares que tradicionalmente comandaram a economia, religião, política, forças armadas e militares, em troca da abolição da escravatura.
A "lei das cotas", precisa atualizar urgentemente sua missão e passar a ser denominada de "lei da invisibilidade social" e, a lei da informação, passar a ser a "lei da infoinclusão social", responsável por combater o pensamento de "cooptação social" por um lado e, por outro, de "potencialização da ideologia seletiva de grupos", que liberta de um lado e, em troca, aprisiona por outro. O “Mapa da Nova Pobreza - 2019-21” (FGV Social e a Pesquisa por Amostra de Domicílios Contínua - PNADC do IBGE), aponta que cerca de 30% dos brasileiros vivam com renda familiar per capita de até R$ 497 por mês, ressaltando também que cerca de 10 milhões de pessoas entraram na situação de pobreza nos anos da pandemia.
As novas exigências do livre mercado se orientam pela nova ordem mundial, envolvendo a transição do capitalismo financeiro (representado pela recente quebra do Silicon Valley Bank, conhecido por financiar startups) e o capitalismo informacional, que controla o seu capital intelectual, o meu e de todos àqueles que acreditam na resistência contra o mundo dividido e menos humano. Assim, resta ao trabalhador social, que será o profissional mais demandado no capitalismo informacional, a desenvolver competências capazes de absorver habilidades para estabelecer a transição da Questão social, exercendo o papel de intervisor de aprendizagem, a partir do preparo de competências profissionais no trabalho social, como a técnica-científica, crítica-praxiológica e socioemocional, enquanto recursos para intervir na realidade da pobreza material e intelectual, focado(a) pela orientação socioocupacional, comprometida com a causa trabalhadora e a emancipação da sociedade na qual atua. A transição está em andamento e a mudança crítica na percepção profissional é necessária.
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